Fatos Sociais: Conceito e Exemplos: Cite Dois Exemplos De Fatos Sociais E Explique Suas Características
Cite Dois Exemplos De Fatos Sociais E Explique Suas Características – Emílio Durkheim, figura central da sociologia, definiu fato social como “toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das suas manifestações individuais”. Em essência, fatos sociais são maneiras de agir, pensar e sentir que existem independentemente dos indivíduos e exercem influência sobre eles, moldando o comportamento social.
A Objetividade, Exterioridade e Coercitividade dos Fatos Sociais

A objetividade dos fatos sociais implica sua existência independente da vontade individual. Eles são observáveis e mensuráveis, manifestando-se através de dados estatísticos, leis, costumes e normas sociais. A exterioridade se refere à sua existência prévia ao indivíduo; ele nasce em um mundo já estruturado por esses fatos. A coercitividade, por sua vez, destaca a força que os fatos sociais exercem sobre os indivíduos, impondo-lhes conformidade, mesmo que esta conformidade não seja percebida como tal.
A desobediência a esses fatos acarreta sanções, formais ou informais, que visam garantir a ordem social.
O Sistema Monetário como Fato Social

O sistema monetário, com suas regras, instituições e práticas, se configura como um fato social paradigmático. Sua coercitividade é evidente: a aceitação de uma moeda como meio de troca é essencial para a participação na economia. A recusa em utilizar a moeda corrente resulta em exclusão do sistema de trocas e, consequentemente, em dificuldades para obter bens e serviços.
O comportamento individual, como o consumo e o investimento, é profundamente influenciado pela estrutura monetária, assim como o comportamento coletivo, que é afetado por políticas monetárias e taxas de câmbio.
Sociedades distintas utilizam diferentes sistemas monetários, refletindo suas estruturas sociais e históricas. A transição do escambo para moedas metálicas, e posteriormente para moedas fiduciárias, ilustra essa evolução. A escolha de um sistema monetário, seja ele baseado no padrão-ouro ou em outras referências, possui consequências econômicas e sociais profundas.
Característica | Brasil | EUA |
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Moeda Oficial | Real (BRL) | Dólar (USD) |
Banco Central | Banco Central do Brasil | Federal Reserve System (The Fed) |
Sistema Monetário | Moeda fiduciária, flutuante | Moeda fiduciária, flutuante |
Controle da Inflação | Meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional | Controle da inflação através de políticas monetárias do Federal Reserve |
O Direito como Fato Social

O direito, conjunto de normas que regulam a conduta social, também se apresenta como um fato social. Sua função primordial é regular as relações entre os indivíduos e os grupos sociais, estabelecendo limites e garantindo a ordem social. A coercitividade do direito se manifesta por meio de sanções, como multas, prisão ou outras penalidades, aplicadas em caso de violação das normas jurídicas.
A obediência às leis, portanto, não é apenas uma questão de escolha individual, mas uma imposição social.
O direito influencia profundamente a formação da moral e dos costumes de uma sociedade, internalizando valores e princípios que orientam o comportamento social. As leis refletem e, ao mesmo tempo, moldam a cultura e os valores de uma sociedade.
- Direito Civil: Regula as relações entre particulares, abrangendo questões como contratos, propriedade, família e sucessões.
- Direito Penal: Define crimes e estabelece as penas correspondentes, visando proteger a sociedade contra atos ilícitos.
- Direito Trabalhista: Regula as relações entre empregados e empregadores, definindo direitos e deveres em matéria de trabalho.
- Direito Constitucional: Define a organização do Estado, os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos e as relações entre os poderes.
Comparação entre o Sistema Monetário e o Direito
Tanto o sistema monetário quanto o direito são fatos sociais que exercem coerção sobre os indivíduos, embora de maneiras distintas. Ambos são objetivos, exteriores e preexistentes aos indivíduos. A semelhança reside na sua contribuição para a manutenção da ordem social: o sistema monetário regula as trocas econômicas, enquanto o direito regula as relações sociais mais amplas. A diferença principal está na natureza da coerção: a do sistema monetário é mais indireta, baseada na necessidade de participação na economia; a do direito é mais direta, com sanções explícitas para a violação das normas.
Ilustração da Coercitividade: Sistema Monetário
Imagine João, um jovem desempregado que precisa comprar comida para sua família. O cheiro do pão fresco de uma padaria próxima o atrai, mas a fome aperta em seu estômago. Ele sente o peso do vazio na carteira, o frio do metal ausente, a textura áspera do papel amassado no bolso, representando a ausência de dinheiro. A coercitividade do sistema monetário se manifesta na impossibilidade de adquirir o pão sem o meio de troca aceito – o dinheiro.
A frustração o domina, o peso da necessidade física se choca com a impotência financeira. A falta de dinheiro, imposta pelo sistema, é uma força coercitiva que o impede de satisfazer sua necessidade básica.
Ilustração da Coercitividade: Direito, Cite Dois Exemplos De Fatos Sociais E Explique Suas Características
Maria, uma empresária, decide ignorar a legislação trabalhista e não pagar os salários de seus funcionários em dia. O escritório silencioso e vazio, a ausência dos seus colaboradores, pesa sobre ela. A textura fria do telefone, sem chamadas dos funcionários, é um lembrete da consequência. O medo da fiscalização, a ameaça de multas e até mesmo de processos judiciais, a pressão dos funcionários, tudo isso representa a coercitividade do direito.
A lei, um fato social exterior, impõe limites a sua ação, e a violação desta acarreta sanções que a forçam a respeitar as normas estabelecidas.
Em resumo, analisamos o sistema monetário e o direito como exemplos concretos de fatos sociais, demonstrando sua coercitividade, exterioridade e objetividade. Observamos como ambos, apesar de suas diferenças, contribuem para a manutenção da ordem social, moldando comportamentos e garantindo a coesão social. Compreender esses mecanismos é crucial para analisar as complexas relações sociais e as estruturas que nos governam.
A jornada pela sociologia de Durkheim nos deixa com uma nova perspectiva sobre as forças que nos conectam e nos constrangem, mostrando que mesmo as ações individuais estão profundamente enraizadas na trama social. A coerção, longe de ser um conceito negativo, revela-se um elemento fundamental na construção e manutenção da vida em sociedade.